sexta-feira, 23 de maio de 2014

Vivendo Real: Anorexia e Bulimia Precoce


Olá gente, como vão?
Bem, hoje na sessão Pequeninos irei abordar um tema,  já escrevi aqui e contar uma história real que aconteceu essa semana, sendo mais como um desabafo, e como fiz um resumo da história pelo Instagram na quarta, achei melhor escrever aqui e para que todos acompanhe a evolução dessa paciente.
Bem, na terça (20), estava na Unidade Básica de Saúde de um bairro da periferia, realizando trabalho de buscativa. Aquele trabalho em que fazemos a antropometria e damos orientações nutricionais aos pacientes de acordo com o diagnóstico nutricional. Nisso, chegou uma mãe J.S e a filha Maria, de 11 anos. Visivelmente, nós olhávamos Maria que estava bem magrinha. Tímida, convidei-a para fazer a antropometria, pesa 27,2 kg e tem 1,35m de altura, sendo assim, seu IMC 14,9kg/m². Olhamos na curva da OMS e constatamos que ela estava em Risco Nutricional de Desnutrição Grave. Era visível. Preocupadas, conversamos com a mãe J. Isso, sem a Maria. Ela nos relatou que desde pequena Maria sempre foi assim, não gostava de comer nada, ela a levou no pediatra e a médica conseguiu descobrir que Maria praticava a bulimia. Conversamos com a mãe e explicamos tudo no mínimo detalhe, que ela precisa ter total calma e paciência para cuidar de Maria, para não obrigar e nem dizer palavras que possam prejudicar o tratamento da filha. Ao lado da UBS, tem o CRAS (Centro de Referência de Assistência Social) e lá, podemos contar com a ajuda e o apoio da psicóloga. Ao voltar para UBS para chamar a mãe e Maria, a menina chegou até nós e perguntou: "Tia, eu vou morrer se eu não comer?", perguntamos o porque que ela estava perguntando aquilo, e ela falou "porque minha mãe disse que se eu não comer, eu vou morrer." Gente, isso pra mim, foi um absurdo mais que absurdo! Poxa, acabamos de conversar com a mãe e ela vai e fala isso pra filha? Imagina dentro de casa?
Enfim, fomos até o CRAS e junto com a psicóloga, chamamos Maria e descobrimos muitas coisas. Tímida no começo, ela nos relatou que todo mundo da família dela são "gordinhos" e que se ela comer muito, ela também vai engordar e ela não quer. Falou ainda, que tudo começou há uns 7 anos, quando uma tia a chamou de "gordinha", que falou brincando, mas que ela levou a sério. Relatou que não sente fome na escola, que não faz o lanche pra não sujar os dentes e que a comida da escola era ruim. Conversamos e explicamos para Maria a importância de uma alimentação saudável e equilibrada, para que ela possa crescer de uma forma saudável sem danos. Fizemos algumas dinâmicas com ela, e fizemos também uma proposta. Nós, iremos passar uma dieta de uma semana para que ela volte a comer, já que ela pratica esse ato da bulimia até hoje, não diariamente, mais às vezes, como ela nos relatou. Ela aceitou a proposta, e hoje, iremos entregar essa dieta pra ela. Depois desse dia, na quarta e ontem, a psicóloga, junto com a Assistente Social, estão "trabalhando" a mãe, porque antes de "trabalhar" Maria, a mãe precisa em primeiro lugar, para que de suporte e total apoio no tratamento da filha.
Isso foi apenas um desabafo de uma história que mexeu muito comigo e minha equipe e estamos totalmente dispostos e confiantes que o nosso cuidar vai dar certo, aos poucos, vai sim! O mais absurdo é que cada vez mais precocentemente as crianças estão passando por esses tipos de transtornos, sendo que a maioria das vezes, começa em casa com os próprios pais.
Vamos ficar atentos às nossas crianças!
Aos longos dos dias, irei relatar como anda a evolução de Maria, aqui no blog, e pra quem me segue no instagram (@nutrimiihalves).

Nutribeijos!

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